O Sofisa Direto foi o primeiro banco a oferecer conta digital gratuita, mas acabou sendo eclipsado pela concorrência; agora, aposta em robô advisor para gerir investimentos para quem está dando os primeiros passos neste universo
Quando nasceu, o Sofisa Direto oferecia, além de uma conta gratuita, uma plataforma para a pessoa física investir diretamente nos CDB, LCI e LCA emitidos pelo banco Sofisa, instituição financeira fundada em 1961 e especializada na concessão de crédito para pequenas e médias empresas.
Na época, tratava-se de uma grande inovação em renda fixa, já que os CDB de bancos médios começavam a ganhar notoriedade como alternativas mais rentáveis à poupança e aos CDB de grandes bancos, com a mesma proteção contra calotes, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
orém, o acesso a esses produtos ainda era bastante limitado. Os bancos de menor porte não contavam com a opção do investimento fácil e on-line, e as corretoras de valores ainda eram muito voltadas para a bolsa, deixando a renda fixa um pouco de lado.
Para o cliente, o Sofisa Direto era uma forma de investir em CDB com melhores rendimentos do que os grandes bancos ofereciam. Para o Sofisa, a plataforma nascia como um canal para catação de recursos para o banco. O dinheiro que capta nos CDB pode usar para dar crédito a outros clientes, obviamente cobrando um juro maior do que o que paga ao investidor.
Com a posterior queda na taxa básica de juros e as mudanças nas regras de remuneração da poupança, os CDB de bancos médios, LCI e LCA passaram a chamar ainda mais a atenção dos investidores.
De fato, além da praticidade e da conta sem tarifas, o Sofisa Direto se diferenciava pela rentabilidade dos seus títulos. Seu CDB de liquidez diária que paga 100% do CDI, existente até hoje, é mais rentável e acessível do que as alternativas similares que os bancões oferecem aos investidores de varejo.
Com o tempo, porém, o que era novidade foi deixando de ser diferencial. As contas digitais gratuitas estão se tornando cada vez mais comuns, enquanto que as plataformas de investimentos on-line se proliferaram e hoje oferecem de tudo, inclusive renda fixa.
Diversas instituições financeiras de médio porte disponibilizam CDB ou RDB com liquidez diária e rentabilidade de 100% do CDI, fora as contas de pagamento que oferecem o mesmo retorno, também sem taxas, mas com lastro em títulos públicos federais.
De pioneiro, o Sofisa Direto foi sendo eclipsado pelos concorrentes e andou meio apagado nos últimos anos. Mas do ano passado para cá, o primeiro banco digital do país resolveu dar um gás para voltar ao páreo.
Eu e a editora-chefe do Seu Dinheiro, Marina Gazzoni, fomos à sede do Sofisa na região da Avenida Paulista, em São Paulo, conversar com Alessandro Andrade e saber um pouco mais sobre a reestruturação do Sofisa Direto. Posteriormente, eu ainda bati um papo com ele por telefone, para detalhar alguns pontos das novas tecnologias.
No prédio de recepção bege e minimalista, com cara de banco tradicional, o andar do Sofisa Direto se distingue pela atmosfera descolada de fintech, sem salas ou divisórias, e repleta de televisores cheios de números.
A “segunda onda” de inovação
Depois do que eles chamam de uma “primeira onda” de inovação, caracterizada pela democratização do acesso a uma conta-corrente, o pessoal do Sofisa Direto iniciou uma “segunda onda”, a democratização do acesso à consultoria de investimentos.
“Somos um banco pró-cliente, democrático, sem pegadinha e transparente”, caracteriza Alessandro Andrade, CEO do Sofisa Direto, ao explicar a opção por esses modelos sem custo para o cliente, possível devido à estrutura enxuta do banco, que ganha dinheiro mesmo é na concessão de crédito.
A estratégia do Sofisa Direto é de se manter simples, direto e seguir a filosofia do “menos é mais”. Ao contrário de corretoras com centenas de opções na prateleira, a plataforma de investimentos oferece apenas os títulos de renda fixa emitidos pelo próprio Sofisa (CDB, LCI e LCA), além de 12 fundos de investimento de vários gestores, de diferentes classes de ativos.
Por ora, a instituição descarta oferecer títulos de outros bancos. Quanto aos fundos, a quantidade pode até aumentar, mas a lista não deve crescer muito.